segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Café, idéias e um pouco de metáfora...

Eu tinha uma bonequinha de porcelana. Não era a mais bonita, nem a mais cara. Era a minha boneca de porcelana. Ela nunca exigiu cuidados especiais, mas eu sempre fiz o possível para não quebrá-la ou arranhá-la. Eu sempre aproveitei os momentos de brincadeiras e diversão com minhas bonecas de plástico, e deixava minha porcelaninha ali, olhando a vida, as brincadeiras. Ninguém entendia, eu tinha medo de perdê-la, de machucá-la e, por esse motivo, a colocava no mais alto e aconchegante local, tudo para protegê-la, sempre.
Às vezes eu me rendia ao seu encanto e cuidava dela em meus braços, brincava com ela e curtia o momento, mas em seguida me vinha um medo terrível de perdê-la, e rapidamente a guardava e me punia por ser tão negligente.
Até que um dia ela caiu, e se rachou. O desespero tomou conta de mim, como pude ser tão cruel com aquilo que eu mais amava, como pude fazer sofrer algo que me dava tanta alegria. E daí fui cometendo o pior dos erros, protegi tanto minha porcelana que a privei de experimentar os dissabores da vida. A privei da minha companhia, do meu amor, das risadas, das lágrimas...Tanto que quis poupá-la do sofrimento que machuquei seu coração profundamente.
Tive forças para protegê-las, porém não tive coragem de ariscar-me junto a ela.
Um belo dia entrei em meu quarto e ela não estava mais no seu cantinho seguro. Fiquei ali olhando aquele espaço vazio. Foi quando me disseram que não podemos proteger aqueles que amamos de tudo, precisamos deixá-los viver e sofrer, faz parte da vida.
Minha porcelana cansou de ser minha espectadora, quis alguém que desse uma chance para ela, no fundo ela só me provou que nessa história, quem precisava de cuidados era eu.


ByM